A paz de Wilson e Os 14 pontos

A paz de Wilson

O presidente norte-americano Woodrow Wilson enfatizava a importância dos direitos humanos, sendo um defensor do direito à autonomia, criticando a ilegitimidade do imperialismo formal. Defendia, no plano internacional, que os Estados Unidos da América não tinham interesse em seguir as políticas das potências imperialistas europeias, tendo um importante papel enquanto mediador de conflitos entre outros Estados.

Assim, não se envolveu na I Guerra Mundial, mantendo o pais neutro no conflito. A fama de Woodrow Wilson (Prémio Nobel da Paz, em 1919) baseava-se na sua visão sobre o estabelecimento da paz na Europa, auxiliando a Sociedade das Nações a promoverem a segurança colectiva, impedindo novos conflitos. Na Conferência de Paris apresentou um conjunto de princípios e propostas que visavam a reestruturação mundial no pós-guerra.
Fig.1: Woodrow Wilson, 1856-1924.

Os 14 pontos de Woodrow Wilson

  • 1.     Inaugurar pactos de paz, depois dos quais não deverá haver acordos diplomáticos secretos, mas sim diplomacia franca e sob os olhos da opinião pública.
  • 2.     Liberdade absoluta de navegação nos mares e águas fora do território nacional, tanto na paz quanto na guerra, com excepção dos mares fechados, completamente ou em parte, por acção internacional em cumprimento de pactos internacionais.
  • 3.     Abolição, na medida do possível, de todas as barreiras económicas entre os países e o estabelecimento de uma igualdade das condições de comércio entre todas as nações que aceitem a paz e a associação multilateral.
  • 4.     Garantias adequadas da redução dos armamentos nacionais até ao mínimo necessário para garantir a segurança nacional.
  • 5.     Um reajuste livre, aberto e absolutamente imparcial da política colonial, baseado na observação estrita do princípio de que a soberania dos interesses das populações colonizadas deve ter a mesma importância dos pedidos semelhantes das nações colonizadoras.
  • 6.     Retirada dos exércitos do território russo e solução de todas as questões envolvendo a Rússia, visando assegurar a melhor cooperação com as outras nações do mundo. O tratamento dispensado à Rússia pelas suas nações irmãs será o teste de boa-vontade, de compreensão das suas necessidades como distintas dos seus próprios interesses e da sua simpatia inteligente e altruísta.
  • 7.     A Bélgica, como o mundo inteiro concordará, precisa ser restaurada, sem qualquer tentativa de limitar a sua soberania a qual ela tem direito, assim como as outras nações livres.
  • 8.     Todo o território francês deve ser libertado e as partes invadidas restauradas. O mal feito à Franca, em 1871, na questão da Alsácia e Lorena, deve ser desfeito para que a paz possa ser garantida mais uma vez, no interesse de todos.
  • 9.     Reajuste das fronteiras italianas, respeitando linhas reconhecidas de nacionalidade.
  • 10.  Reconhecimento do direito ao desenvolvimento autónomo dos povos da Áustria-Hungria, cujo lugar entre as nações queremos ver assegurado e salvaguardado.
  • 11. Retirada das tropas estrangeiras da Roménia, da Sérvia e de Montenegro, restauração dos territórios invadidos e o direito de acesso ao mar para a Sérvia.
  • 12. Reconhecimento da autonomia da parte da Turquia dentro do Império Otomano e a abertura permanente do estreito de Dardanelos como passagem livre aos navios e ao comércio de todas as nações, sob garantias internacionais.
  • 13. Independência da Polónia, incluindo os territórios habitados por população polaca, que devem ter acesso seguro e livre ao mar.
  • 14. Criação de uma associação geral sob pactos específicos para o propósito de fornecer garantias mútuas de independência politica e integridade territorial dos grandes e pequenos Estados.

Os «14 Pontos» foram apresentados ao Congresso dos Estados Unidos, em 8 de Janeiro de 1918, que o rejeitou, sob a forte influência do isolacionismo da politica externa americana. A rejeição do Congresso impediu que os Estados Unidos integrassem a Sociedade das Nações.


Bibliografia
SOPA, António. H10 - História 10ª Classe. 1ª Edição. Texto Editores, Maputo, 2017.

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