África Austral: População e actividade económica, Distribuição das principais culturas da região

África Austral: População e actividade económica

A história da população desta região está ligada aos bosquímanos, hotentotes e bantus, e ainda, aos brancos europeus e aos asiáticos.

Os bosquímanos estão espalhados por pequenas áreas áridas; vivem em pequenas comunidades no Botswana, com uma vivência quase primitiva; os bantus existem em toda a região da África Austral.

Os brancos apareceram com objectivos colonizadores, tendo passado a ocupar efectivamente a região no século passado, depois de uma grande resistência da parte da população local.
Os asiáticos (chineses e indianos) e os árabes apareceram devido ao comércio e graças à necessidade europeia de mão-de-obra para as plantações de cana-de-açúcar, chá e sisal.

Fig: Tribo Africana

A Africa Austral possui uma superfície total de 5 982 867 km2, sendo habitada por 117 432 800 pessoas e significa que a sua densidade populacional é de 19,5 hab/km2.
A população está irregularmente distribuída por causa das condições físico-naturais e socioeconómicas da região.

As condições físico-naturais que condicionam a distribuição da população nesta zona de Africa são:
  • Clima desértico quente na Namíbia e Kalahari;
  • As montanhas de Drankensberg, que não permitem a prática da agricultura.
Estes factores repelem a população.
A concentração da população é mais notável a sul e este, devido aos climas favoráveis para a prática da agricultura, aos vales dos rios que permitem a irrigação dos terrenos e à pesca na costa.

As cidades são também centros de grande concentração de pessoas, dado que existem fábricas, universidades e hospitais modernos que atraem a população.
Por países, a população está distribuída como a tabela seguinte indica:

Tabela 5: Distribuição da população na África Austral
País
Superfície (km2)
População
Densidade (hab/km2)
Capital
Moçambique
799 380
19 200 000
23,8
Maputo
África do Sul
1 221 037
45 200 000
36,4
Pretória
Suazilândia
17 363
1 000 000
54,5
Mbabane
Lesoto
30 355
1 800 000
69,8
Maseru
Botswana
582 000
1 800 000
2,9
Gaberone
Namíbia
824 269
2 000 000
2,5
Windhoek
Angola
1 246 700
14 100 000
11,2
Luanda
Zimbabwe
390 580
12 900 000
3,3
Harare
Zâmbia
752 614
10 900 000
14,4
Lusaka
Malawi
118 569
12 300 000
98,2
Lilongwé
Madagáscar
587 041
17 404 000
29,6
Antananarivo
Fonte: FNUAP 2004
De uma forma geral, todos os países apresentam uma população jovem, o que significa que, embora quase todos sejam pobres, este facto obriga os respectivos Estados a fazerem grandes investimentos nos sectores da Saúde e Educação, desviando assim fundos que poderiam melhorar as condições da agricultura, indústria, transportes, habitação e saneamento do meio.

Esta região regista, embora ainda alta, uma diminuição das taxas de natalidade e mortalidade, particularmente a infantil, mas possui uma esperança de Vida muito distante da dos países desenvolvidos, como se pode observar na tabela 6:

Tabela 6: Taxa de mortalidade infantil e esperança de Vida comparada com alguns países desenvolvidos.
País
Taxa de mortalidade Infantil
Esperança de vida
Moçambique
122
40
África do Sul
48
48
Malawi
115
37
Botswana
57
40
Zimbabwe
58
38
Lesoto
92
37
Angola
140
40
Zâmbia
105
33
Namíbia
60
44
Suazilândia
78
33
Alemanha
5
78
Suécia
3
79

As causas da elevada natalidade e de mortalidade são semelhantes às de Moçambique. A maior parte da população desta região dedica-se à agricultura e à criação de gado.

A prática agrícola e a criação de gado é feita por camponeses ainda em moldes tradicionais, com instrumentos rudimentares, em que a produção depende muito da chuva; utiliza poucos ou nenhuns insumos, o que se reflecte na baixa produção e produtividade. 
    Existe também uma agricultura praticada por grandes empresas que empregam técnicas e tecnologias avançadas, acompanhada de uma grande variedade de insumos e de investigação científica permanente. Trata-se de uma agricultura industrial, com grande expressão na África do Sul, no Zimbabwe e nas Maurícias, e pouca noutros países. A criação de gado, em particular de gado bovino é feita por grandes criadores e camponeses.
    Os grandes criadores são a Africa do Sul, o Zimbabwe e o Botswana, que utilizam meios de criação modernos.

Distribuição das principais culturas da região
  • Milho – África do Sul, Zimbabwe
  • Amendoim – África do Sul, Moçambique, Zimbabwe
  • Mandioca – Angola, Malawi, Moçambique, Zâmbia
  • Café - Angola
  • Caju – Moçambique
  • Chá – Moçambique, Malawi
  • Tabaco – Zimbabwe, Zâmbia, Malawi, Africa do Sul
  • Citrinos – África do Sul;
  • Copra – Moçambique
  • Uvas – África do Sul
  • Cana-de-açúcar – África do Sul, Moçambique, Suazilândia, Zimbabwe
  • Algodão – Zâmbia, Zimbabwe, Moçambique
  • Gado bovino – África do Sul, Namíbia, Botswana, Zimbabwe
  • Gado ovino – África do Sul, Namíbia, Botswana.
A distribuição de gado na nossa região reflecte a influência que os factores físico-naturais e humanos exercem no desenvolvimento e adaptabilidade do gado. Existem animais que não resistem ao clima frio, outros que preferem zonas pouco húmidas, etc. Os factores que mais interferem na criação de gado na África Austral são: clima, topografia do terreno, água, investigação técnico-científica e mosca tsé-tsé.

O clima e a água influem directamente no desenvolvimento do gado. A água é fundamental para a Vida dos seres vivos e o gado não foge à regra.

As melhores pastagens localizam-se onde as chuvas são regulares, como nos climas subtropical (pradarias) ou tropical seco (estepe).

Nas zonas com clima tropical húmido, a criação de gado bovino a este e norte é dificultada pela mosca tsé-tsé, frequente neste tipo de clima e que origina muitas mortes devido doença do sono.

O gado bovino, dada a sua corpulência, não se movimenta com facilidade nas zonas montanhosas, mas as ovelhas não têm dificuldades nestas zonas, dado terem um corpo pequeno e suportarem temperaturas baixas - dai que no Lesoto, África do Sul e Namíbia haja um grande efectivo de gado ovino.

A criação de gado no Mundo realiza-se sob dois tipos de sistemas, relativamente ao espaço onde os animais se alimentam: extensivo e intensivo.

Na África Austral, a criação extensiva é realizada geralmente em grandes planícies, com o gado pastando e alimentando-se de pastagens naturais. É muito praticada pelos pequenos agricultores, em quase todos os países da região. É uma pecuária tradicional.
As grandes empresas de gado bovino, para além de pastagens naturais, utilizam pastos artificiais ou cultivam cereais, para alimentar o gado.

O sistema intensivo é praticado pelos grandes criadores. O gado é criado numa área restrita, em estábulos modernos, onde o modernismo está na dianteira. Por vezes, faz-se alternância, isto é, durante uma época do ano é intensiva (geralmente no Inverno) e, noutra, extensiva. Este sistema está bastante disseminado na África do Sul.

A criação de gado, em moldes modernos, caracteriza-se por:
  • Produção industrial;
  • Selecção de raças e inseminação artificial;
  • Infra-estruturas altamente modernas;
  • Distribuição mecânica da água e alimentos;
  • Serviços veterinários bastante eficientes;
  • Investigação científica permanente, para obtenção de elevada produtividade e combate às doenças.
  • Modernas técnicas de transporte e congelação;
  • Baixa mortalidade;
  • Elevada produção de leite e carne.
Particularmente no que diz respeito às populações que vivem à beira do mar, dos rios e lagos, a pesca é a actividade básica.

Angola e Namíbia são grandes produtores de carapau; Moçambique distingue-se por possuir camarão e lagosta muito apreciados nos países desenvolvidos.

As indústrias transformadoras concentram-se nas principais cidades. A instalação de indústrias extractivas nas zonas rurais contribuiu para o surgimento de algumas cidades, como são os casos de Joanesburgo (minas de ouro) e Ndola, na Zâmbia (minas de cobre).
Muitas pessoas deslocam-se de outros países para as regiões mineiras, a fim de trabalharem como mineiros, principalmente na África do Sul e na Zâmbia.

A localização das principais indústrias extractivas está distribuída da seguinte forma:
  • Ouro – África do Sul, Zimbabwe
  • Diamantes – África do Sul, Namíbia, Angola, Botswana
  • Carvão – África do Sul, Zimbabwe, Moçambique
  • Petróleo – Angola
  • Gás natural – Moçambique
  • Cobre – Zâmbia, Zimbabwe, África do Sul, Namíbia, Botswana.
Dada a fraca implantação das indústrias, exceptuando na África do Sul, pouca gente se encontra ligada a esta actividade - a maior parte da população da África Austral está ligada ao sector primário.

Uma grande variedade de indústrias transformadoras está espalhada por toda a Africa Austral, mas, como já se disse, é a África do Sul que detém a maior percentagem.

A África do Sul é o pais que mais se distingue pelo seu nível de desenvolvimento, não só na região, como também em todo o nosso continente, pelo que é de todo o interesse ter uma noção do grau do seu progresso económico.


Bibliografia
NONJOLO, Luís Agostinho; ISMAEL, Abdul Ismael. G10 - Geografia 10ª Classe. Texto Editores, Maputo, 2017.

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