Localização das principais actividades urbanas e tendências de evolução
6.7. Localização das principais actividades urbanas e tendências de evolução
O meio urbano possui espaços caracterizados por usos diferenciados do solo, advindo dai diferentes localizações de actividades na cidade.
Algumas áreas são ocupadas principalmente por residências; outras, por escritórios e casas comerciais; outras, por indústrias e ainda outras agregam vários usos. Se observarmos atentamente, notaremos que a localização das principais actividades (ou diversos usos) não é aleatória. A maior parte do comércio e dos serviços está localizada no centro da cidade, enquanto as indústrias estão geralmente localizadas numa área isolada da cidade, portanto na periferia. As pequenas indústrias, por sua vez, estão mais perto da residência dos trabalhadores. A população mais pobre, na sua maior parte, está localizada na periferia da cidade, e muita das vezes, nas áreas de piores condições ambientais, particularmente no que toca a salubridade. Os mais ricos também ocupam lugares determinados, como por exemplo, as áreas centrais de localização privilegiada, ou então ocupam áreas nobres da periferia, com todo o conforto e segurança.
Pode-se afirmar que a distribuição das actividades pelo solo (localizações das actividades no solo urbano) obedece, num primeiro momento, a uma lógica meramente económica, e de carácter espontâneo. Pode-se questionar o porquê do grosso dos estabelecimentos comerciais, bancários e escritórios procuram se instalar no centro da cidade?
É porque, em primeiro lugar, é Iá que estão instaladas as actividades comerciais e serviços da cidade, pois é desse modo que os estabelecimentos aproveitam o cliente do outro. Por outro lado, o centro da cidade, devido à sua localização geográfica, maximiza os deslocamentos. Assim, uma só viagem pode permitir a alguém comprar roupa, sapatos, ir ao escritório de advocacia e ainda tirar dinheiro do banco. Por essa razão, o sector terciário (comércio e serviços) tende a aglomerar-se quer no centro da cidade ou nos centros dos bairros. A essa vantagem de aglomeração em determinados lugares chama-se economia de aglomeração e esse efeito tende a manifestar-se por sectores de actividade.
As indústrias também não se localizam aleatoriamente, geralmente estão distantes dos bairros habitacionais, sobretudo aquelas que são poluidoras, e muitas das vezes nas bermas das estradas e principais avenidas. Certas indústrias possuem áreas industriais que se situam na periferia das cidades — é o que se chama de distritos industriais. Porém essa distribuição espontânea das actividades no espaço urbano não ocorre de forma tão equilibrada como parece aqui transparecer.
Com o crescimento das cidades, os usos tendem a ser conflituantes entre si e a saturar a capacidade de suporte das infra-estruturas urbanas e do meio ambiente. Deste modo, as várias utilizações não só se juntam para compartilhar benefícios, como também para compartilhar impactos negativos. Assim, o dono de uma oficina de reparação de motores não reclama do barulho produzido pelo latoeiro, pois para além de partilharem ruido (poluição sonora), partilham também clientes e vice-versa. Contudo, uma escola, um hospital e uma casa de jogos electrónicos ou uma discoteca ruidosa, um aeroporto, não podem partilhar a mesma vizinhança.
Essas afinidades e conflitos de actividades urbanas são as razões principais para realização do planeamento urbano, ou seja, a divisão do espaço urbano em áreas de uso conforme as afinidades e os conflitos dos mesmos, ou da capacidade de suporte do meio físico e da infra-estrutura urbana.
Através desta chega-se ao zoneamento, que é responsável pela definição do que pode e não pode ser instalado em certa área da cidade (se a zona é industrial, comercial ou mista), entre outros elementos. Com efeito, em resultado do crescimento das cidades, novas áreas serão cada vez requeridas para se poderem acomodar as novas residências, comércio, serviços, entre outras actividades.
Bibliografia
MANSO, Francisco Jorge; VICTOR, Ringo. Geografia 12ª Classe – Pré-universitário. 1ª Edição. Longman Moçambique, Maputo, 2010.
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