Texto dramático: Espécies de género dramático
Espécies de género dramático
Borregana (Op. cit., pág. 316) advoga a existência de
três principais espécies de género dramático, tragédia, comédia e drama.
Vários autores da obra Curso de Português (Edições
ASA, Rio Tinto, 1983, pág. 218) são de opinião de que o texto dramático se
constitui dos mesmos géneros referidos anteriormente por Borregana, indo mais
longe, ao detalhá-los, isto é, definindo cada um dos géneros segundo a
sequência que se segue.
Características da tragédia
Segundo Borregana (Op. cit., 2000, pág. 316), a tragédia
caracteriza-se por uma estrutura constituída por um prólogo (apresentação do
contexto da história); um párodo (canto de entrada entoado pelo coro); três episódios
(peripécias), alternados com três estásimos ou odes corais (cantados pelo coro)
e por um êxodo (termo da peca, com a saída dos actores e do coro).
A tragédia é constituída pelos seguintes
elementos:
- Personagens (menos de três): são divinas ou nobres, demonstrando sempre atitudes e linguagens dignas e aristocráticas.
- Coro: é o conjunto de cantores, espectadores privilegiados, que comentam, emocionalmente, a acção dramática e lançam, por vezes, presságios.
- Unidade de acção, de espaço e de tempo: a peca tem de constar de uma única acção importante passada num único espaço e num período de 24 horas.
- Destino ou fatalidade: é a força essencial da tragédia, fazendo recair o castigo sobre o protagonista, aparentemente inocente, embora haja da parte deste a hybris, entendida como uma espécie de insolência para com os Deuses, por ignorância ou erro de maldade, que desencadeia a acção fatal.
- Presságio: são indícios que prognosticam acontecimentos funestos.
- Reconhecimento ou anagnórise: é a passagem da ignorância ao conhecimento. O reconhecimento dá geralmente origem ao clímax.
- Clímax: é o ponto mais alto da emoção dramática. É o ponto antecedente à catástrofe, constituindo esta a desgraça e o castigo.
Tragédia
A tragédia é um género teatral originário da Grécia
Antiga e tem como foco o desenvolvimento de uma acção dramática, apresentando
um desfecho funesto, isto é, que termina com a morte; e o seu objectivo é
provocar o terror.
E urna composição que gira em torno de um conflito de
grandes interesses e paixões e que tem por fim excitar a piedade ou o terror.
Recebe o nome de ópera quando é acompanhada de canto.
Segundo Aristóteles, «tragédia é a imitação de acções de carácter
elevado, completa em si mesma, de certa extensão, em linguagem ornamentada e
com várias espécies de ornamentos distribuídos pelas diversas partes do drama, imitações
que se efectuam não por narrativa, mas mediante actores, e que suscitam o
terror e a piedade, tendo por efeito a purificação desses sentimentos.
Comédia
A comédia é a pega de teatro que termina com a
harmonização dos contrários em conflito. Pode apresentar situações ou
personagens, cénicas, cuja finalidade é, ao mesmo tempo, satírica e de
diversão, mas esta não constitui uma condição essencial.
É uma composição sobre um assunto vulgar, normalmente com
o intuito de divertir e de moralizar. Toma o nome de ópera cómica ou
ópera bufa quando é acompanhada de canto, e de farsa quando provoca o riso.
Carrilho e Mondlane (Português — 8ª Classe,
Diname, Maputo, 1 990, pág. 159) definem farsa como sendo uma peca cómica de
carácter burlesco.
Ainda acerca da comédia, Carrilho e Mondlane (Op. cit,
1990, pág. 1 59) consideram-na como um dos tipos de texto dramático,
definindo-a como uma peca em que se põe em acção, de um modo jocoso, costumes,
caracteres ou factos da Vida social.
No entanto, a definição de comédia não se restringe
apenas às ideias dos autores acima mencionados, pois Moisés (Dicionário de
Termos Literários, 1ª Edição, Editora Cultrix, São Paulo, 1974, pág. 91 )
coloca em questão o seu entender sobre a comédia e define-a como «imitação de
homens inferiores, não todavia quanto a toda a espécie de vicio, mas só quanto aquela
parte do torpe que é ridículo».
Drama
Em termos literários, o drama assume-se muitas
vezes como sin6nimo de texto dramático, embora também possa ser utilizado no
seu sentido vulgar de um acontecimento desagradável. Para além destes
diferentes significados (o primeiro, de natureza cientifica e o segundo, num contexto
vulgar), no século XVIII, em que se debatem conflitos trágico-cómicos da classe
média e em que a tragédia se mistura com a comédia, mediante a alternância de
cenas trágicas e c6micas, o termo surge como um género misto (hibrido) que
conjuga caracteristicas trágicas com formas e acções menos sublimes.
Carrilho e Mondlane (Op. cit, 1990, påg. 159) deflnem
«drama» como sendo «uma composição teatral sobre assuntos sérios, meio-termo
entre a tragédia e a comédia; aborda geralmente temas da Vida comum, desdobrando-se
entre o patético e o comovente».
Na concepção de Moisés (Op. cit, 1974, pág. 161), drama é
a «arte de representação em que um actor retrata o comportamento de uma
personagem, a qual, por sua vez, revela a Vida profunda da personagem».
Este autor classificou como drama toda a peca teatral
caracterizada por seriedade ou solenidade, em oposição à comédia propriamente
dita.
Entre os vários géneros do texto dramático, destacam-se
ainda:
- Auto — composição dramática com conteúdo moral ou pedagógico.
- Comédia — peca teatral em que se dramatizam de forma cénica, as figuras, os costumes ou factos da Vida social.
- Drama — peça teatral que geralmente trata de assuntos sérios.
- Farsa — peca de carácter popular e burlesco.
- Tragédia — peça teatral cuja acção dramática tem um desfecho funesto.
- Tragicomédia — tragédia entremeada de acidentes c6micos e cujo desenlace não é trágico.
Bibliografia
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