Textos multiusos: o texto expositivo-argumentativo
Textos multiusos: o texto expositivo-argumentativo
Nesta unidade, vamos abordar os textos multiusos,
particularmente o texto expositivo-argumentativo.
Considera-se que o argumento é um raciocínio destinado a
provar ou refutar uma informação, ou seja, é uma afirmação destinada a fazer
admitir outra.
A argumentação é uma operação cognitivo-discursiva que
consiste em apresentar razões para uma determinada conclusão (tese). Argumentar
é apresentar razões a favor ou contra uma tese.
O texto argumentativo tem um pendor persuasivo que
decorre dos argumentos adiantados e do recurso a uma exemplificação
convincente, fundamentada, quando possível acompanhada de citações pertinentes.
O texto argumentativo tem como base uma tese, os
argumentos que a sustentam e estratégias de persuasão.
Iras agora estudar textos expositivo-argumentativos, no
que se refere à sua caracterização, ideias essenciais, componentes e processos
de exposição de argumentos. Irás aprender ainda as relações de subordinação
comparativa.
1. Texto argumentativo
Uma argumentação é um conjunto de argumentos
interligados, com o objectivo de conquistar a adesão de outrem à utilidade, à
justiça e ao valor daquilo que defendemos, contra aquilo que o nosso adversário
defende ou, mais simplesmente, um conjunto de razões a favor ou contra uma
opinião ou uma tese (J. Esteves Rei, Curso de Redacção II - O Texto,
Porto, Porto Editora, 2000). No entender de Jules Verest, são três os estados
de espírito que percorrem a mente humana perante uma afirmação. Argumentar é
estar a favor de uma tese e apresentar as razões que nos fazem tomar tal
posição, usando actos de fala para convencer o nosso destinatário a aderir às
nossas ideias.
O texto argumentativo é constituído por uma tese e vários
argumentos.
A tese é a
ideia que o autor do texto pretende defender.
Os argumentos
são as razões, as provas a que se recorre para a defesa de um pensamento.
Por vezes, o texto argumentativo faz uso de argumentos
contrários à tese defendida. A refutação dos contra-argumentos apresentados
contribui para reforçar a tese que o autor pretende defender. A coexistência de
argumentos favoráveis e contrários a uma mesma tese origina um paradoxo, uma
contradição ou confusão, que depois é resolvida.
O texto argumentativo segue, geralmente, um dos seguintes
planos:
1) Plano por agrupamento
Reúne argumentos da mesma natureza, como, por exemplo,
argumentos técnicos, psicológicos, históricos, económicos ou outros, e
organiza-os em função do seu destinatário, pois, para certo grupo-alvo, os
argumentos económicos ou psicológicos poderão ser mais relevantes do que os
históricos.
2) Plano por oposição
Organiza-se a partir da refutação sistemática de uma
ideia básica, para se deduzirem as vantagens de uma outra ideia; por outras
palavras, nega-se uma ideia para elevar outra contrária. Também se pode elevar
uma ideia em detrimento de outra oposta.
3) Plano moderado
O ponto de vista não é imposto. Um jogo de raciocínios
leva, de forma natural, posição do autor. Os argumentos são moderados,
desprovidos de um ataque directo ou de uma exigência severa. Contudo, exigem
grande elaboração. É um processo de argumentação ténue, indirecta, delicada,
mas muito poderosa.
Os argumentos não devem ser ambíguos. Neste modelo,
contrariamente aos outros, as marcas pessoais do sujeito enunciador ficam,
normalmente, ausentes.
Apresentação
Normalmente, o texto argumentativo apresenta-se em três
fases principais:
- Fase da exposição da tese;
- Fase da argumentação (é a mais longa; apresenta um conjunto de argumentos);
- Fase da conclusão (é a síntese dos argumentos apresentados; faz-se a confirmação da tese).
Actos de fala argumentativos
- Introdução: comecemos por…, analisemos primeiro…, recordemo-nos de...
- Transição: a seguir vejamos..., agora vejamos…, consideremos o caso de...
- Enumeração/exemplo: em primeiro lugar..., em segundo lugar…, tais como...,
- a saber..., tal é o caso de…, como acontece com/em..., por exemplo..., como o exemplo de...
- Conclusão: portanto..., por isso, acreditamos/dizemos/estamos convictos de que...
2. Relações de subordinação comparativa
As orações subordinadas funcionam sempre como termos
essenciais, integrantes ou acessórios de outra oração e são introduzidas por
meio de uma conjunção ou locução conjuncional subordinativa comparativa.
Estamos perante orações subordinadas comparativas, se a conjunção
que as liga às orações subordinantes de que dependem é subordinativa
comparativa. Repara nos exemplos.
- — Não, o meu coração não é maior que o mundo.
- — Jurou-lhes que esta orquestra da morte foi muito menos triste do que podia parecer.
Assim, podemos afirmar que o primeiro membro da
comparação pode estar oculto: (tal) qual, (tal) como, etc.
Repara nesta frase:
- — Havia já dois anos que eu não via a Ana, vi-a agora qual era no ano passado.
Como podemos ver. na frase anterior houve a omissão do
primeiro membro de comparação (tal).
E costume omitir-se o predicado da oração subordinada
comparativa, quando se repete uma forma do verbo da oração principal. Atenta no
exemplo.
- — Teus olhos são negros, negros como as noites sem luar...
Segue-se um quadro-resumo das conjunções e locuções
subordinativas comparativas.
Conjunções
subordinativas comparativas |
Locuções
conjuncionais subordinativas comparativas |
como, conforme, que, segundo, consoante, (quando
antecedido de tal) |
assim como... assim, bem como... assim, assim também,
bem como, como… assim. mais... do que, menos... do que, tão... como, tanto… como. |
Bibliografia
FERNÃO, Isabel Arnaldo; MANJATE, Nélio José. Português 12ª Classe – Pré-universitário. 1ª Edição. Longman Moçambique, Maputo, 2010.
Muito obrigada, ajudou-me bastante
ResponderEliminar