Campo eléctrico
Campo eléctrico
Analogia com o campo gravitacional
Qualquer corpo de massa m, quando está nas proximidades da Terra, é atraído em direcção ao centro do nosso planeta, devido à acção de uma força chamada força gravítica. Esta força surge porque a Terra, com a sua grande massa M, modifica o espaço à sua volta, criando uma região de perturbação, denominado campo gravitacional.
Assim, podemos dizer
que o campo gravitacional é o campo produzido
pela força gravitacional presente em todos os corpos que possuem massa. Como
a sua intensidade é diminuta, o campo gravitacional só é percebido em grandes aglomerações
de matéria, como o Sol, a Terra, a Lua, etc. Este campo é o responsável pela manutenção
da Terra no sistema solar, da Lua em Orbita em redor da Terra, dos satélites
artificiais permanecerem na vizinhança da Terra e por nos manter «colados» à superfície
do nosso planeta. Sem ele, nos flutuaríamos no ar, a Lua sairia da Orbita da
Terra e a Terra abandonaria a sua Orbita em torno Sol. Sem gravitação o Sol não
existiria, pois é a força gravitacional que faz a matéria solar aglomerar-se no
centro do nosso astro-rei.
Tal como a Terra, as
cargas eléctricas criam ao seu redor uma região de perturbação electrostática
denominado campo eléctrico.
Considere uma carga
pontual Q, fixa num ponto. Se à volta desta carga Q, colocarmos uma
carga positiva, mais pequena, q, esta será repelida ou atraída pela
carga pontual (Fig. 1.15).
Fig. 1.15 Força à distância exercida por uma carga pontual positiva (A) e por uma carga pontual negativa (B) sobre uma carga de teste positiva. |
A força que se manifesta entre dois corpos electricamente carregados é uma força que age à distância. Ela faz-se sentir sem que haja qualquer ligação material entre os dois corpos que interagem.
Provoca certa
perplexidade a ideia de que uma força se faça sentir distância, mesmo através
do espaço vazio.
Essa dificuldade
pode ser superada pensando-se da seguinte maneira: vamos dizer que, quando um
corpo está electricamente carregado com carga Q, cria-se em todo o espaço
circundante uma situação nova, diferente da que existia quando o corpo estava
descarregado. O facto de eletrizarmos esse corpo, modifica as propriedades do espaço
que o circunda. Outro corpo electricamente carregado (q), colocado num
ponto P do espaço, começará a «sentir» uma força eléctrica causada por Q.
Dizemos que a carga do corpo Q
gera no espaço circundante um campo eléctrico.
O campo eléctrico
gerado pela carga Q num ponto P existe, independentemente de haver em P
um corpo carregado. Quando colocamos nesse ponto P um corpo carregado com carga
q, a força que passa a agir sobre ele é devida ao campo eléctrico que já
existia nesse ponto. A carga q que é colocada no ponto B para verificar se
nesse ponto, existe ou não, um campo eléctrico, é denominada carga de prova (ou
carga de teste) por convenção é sempre positiva.
Direcção e
sentido do vector campo eléctrico: o campo eléctrico é, tal como a força, uma grandeza
vectorial e, por isso, possui módulo,
direcção e
sentido que,
por definição, coincidem com a direcção e o sentido da força que actua numa
carga de prova positiva colocada num dado ponto.
Por exemplo:
consideremos o ponto P1 mostrado na figura 1.15. Se uma carga de
prova positiva fosse colocada em P1 ela seria, evidentemente,
repelida por Q com uma força horizontal para a direita.
Portando, em virtude
do exposto, o vector campo eléctrico E1, naquele ponto, seria também
horizontal e dirigido para a direita. De modo análogo, podemos concluir que em
P2 temos um vector E2 dirigido verticalmente para cima;
pois, se uma carga de prova positiva fosse colocada neste ponto, ela ficaria
sob a acção de uma força com aquela direcção e naquele sentido. Então, podemos
verificar que, em P3 e P4, os vectores E3 e E4
têm as direcções e os sentidos indicados na figura 1.16 A.
De modo análogo, se
a carga que cria o campo eléctrico for negativa, como mostra a figura 1.16. B,
facilmente se constata que, em cada ponto P1, P2, P3,
P4, o vector campo eléctrico tem o sentido indicado.
Fig. 1.16 A – O vector campo eléctrico de uma carga positiva é divergente; B – O vector campo de uma carga negativa é convergente. |
Podemos dizer, então, que um corpo electrizado modifica o espaço à sua volta de modo a poder exercer as suas acções eléctricas de repulsão e de atracão sobre outros corpos electrizados que se encontrem ao seu redor. Dizemos que o corpo electrizado, criador do campo eléctrico tem um certo potencial eléctrico.
Módulo ou intensidade do vector
campo eléctrico: a intensidade do campo eléctrico (E) é definida como o
quociente entre o módulo da força que actua sobre a carga de prova (F) e a própria
carga de prova (q).
Onde:
F – É o módulo da força com que a
carga criadora do campo atrai ou repele a carga de teste, medida em newton (N).
q – É a carga de teste colocada no
ponto onde se pretende estudar o campo eléctrico. Ela é medida em coulomb (C).
E – É o módulo do vector campo
eléctrico, medido em Newton por coulomb (N/C).
Bibliografia
MENESES, João Paulo. F10 - Física 10ª Classe. Texto Editores, Maputo, 2017.
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