As correntes do pensamento antropológico: o evolucionismo
As correntes do pensamento antropológico: o evolucionismo
O evolucionismo de
acordo com alguns autores (Colleyn, 2005; Gonzaga, 2000; Santos, 2002) foi
influenciado pelo darwinismo e pela teoria da evolução das espécies. Esta
escola ou corrente antropológica afirma que a espécie humana evolui lentamente
e que se podem classificar todas as sociedades existentes em função do estádio
de desenvolvimento alcançado. A ideia parte do princípio enunciado por Charles
Darwin, segundo o qual, o mundo vivo é resultado de uma longa acumulação de
mutações e evolução das espécies, isto é, na visão dos autores representantes
desta corrente antropológica, tal como as espécies animais evoluem, as culturas
também evoluem com o tempo. As culturas evoluem através de mutações,
interagindo ou não com o meio exterior. Etward Taylor, Lewis Morgan e Herbert
Spencer são alguns dos autores associados ao evolucionismo oficial e as suas
teorias constituíram-se como uma tentativa de formalizar o pensamento
antropológico com linhas científicas modeladas conforme a teoria biológica da
evolução, ou seja, se os organismos podem se desenvolver com o passar do tempo
com leis compreensíveis e deterministas, parece então razoável que sociedades
também o possam. Assim sendo, para MELLO, as principais características do
evolucionismo resumem-se em:
I.
Vastidão do objecto:
o objecto do
evolucionismo é tão vasto que se confunde com o da Antropologia no geral, pois,
abrange a cultura como um todo ligado à espécie humana. O evolucionismo não
trata sobre manifestações culturais de um povo particular, mas diz respeito à
cultura como um património comum a toda a humanidade, procurando explicar os
aspectos culturais comuns aos povos.
II.
Factor tempo:
o evolucionismo
levou em consideração o factor cronológico, tendo criado uma temporização nova
designada “tempo cultural” por meio do qual são caracterizados os
estádios de cultura vividos pelos povos, daí resulta a utilização do conceito “paralelismo
cultural” que assenta no pressuposto de que tanto os povos primitivos como
os civilizados têm uma origem cultural simultânea, diferindo no facto de os
povos primitivos terem-se retardo na evolução cultural devido ao facto de se
terem apegado aos valores e tradições do passado.
III.
Uso do método comparativo:
o evolucionismo
faz interpretações das instituições do passado através da reconstrução do
próprio passado, por intermédio do método comparativo, explicando o
desconhecido por aquilo que se conhece.
IV.
Introdução de novos temas e conceitos: os principais temas abordados pelo
evolucionismo são a religião e a família e em qualquer destes temas a
preocupação é explicar que a cultura obedece a uma evolução universal, isto é,
que a cultura surgiu simultaneamente em todas as partes.
O evolucionismo teve
o seu mérito de trazer para a Antropologia uma série de neologismo que
enriqueceu o quadro conceptual desta disciplina e que até hoje se mantém
actualizado, por exemplo, o conceito de cultura, religião, patriarcado, magia,
clã, tribo, incesto, totem, matriarcado, parentesco, evolução cultural, etc.
Bibliografia
DE MELLO, Luiz Gonzaga. Antropologia cultural, p. 220-277.
MARCONI, Marina de Andrade; PRESOTTO, Zélia Maria Neves. Antropologia: uma introdução. 6ª ed., São Paulo: Atlas, 2006.
TOMÁS, Adelino Esteves. Manual de Antropologia Sócio-Cultural. Universidade Pedagógica Sagrada Família, s/d.
ERICKENS, Thomas Hylland. NIELSEN, Fin Sivert. História da Antropologia. 4ª ed. Editora Vozes, Petrópolis, RJ, 2010.
GONÇALVES, António Custódio. Trajectórias do Pensamento Antropológico. Universidade Aberta, 2002.
SANTOS, Armindo dos. Antropologia Geral: etnografia, Etnologia, Antropologia Social. Universidade Aberta, 2002. p. 123-170.
COLLEYN, Jean-Paul. Elementos de Antropologia Social e Cultural. Edições 70, Lisboa, 2005.
LARAIA, Roque de Barros. Cultura: um conceito antropológico. 14ª ed., Jorge Zahar Editor, Rio de Janeiro, 2001.
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