Formas instrumentos utilizados na mensuração da personalidade
Formas instrumentos utilizados na mensuração da personalidade
Desde há muito tempo
se preocuparam sobre como medir a personalidade do individuo, como diagnosticar
e explicar os diversos tipos de personalidade já descritos. Na verdade não é
fácil fazer-se uma mensuração da personalidade. Nos últimos tempos verificou-se
um interesse acentuado no desenvolvimento de instrumentos capazes de
diagnosticar a personalidade de um individuo. Destes instrumentos se destacam
as entrevistas, técnicas de observação e Testes.
Entrevistas
Constitui a técnica
mais usada para avaliar a personalidade de um individuo. Esta técnica é
amplamente usada em ambientes educacionais e vocacionais através de colecta de
informação de uma forma individual aos sujeitos visados. Na técnica de
entrevista o entrevistador formula uma série de perguntas orais ao sujeito
visado com o intuito de penetrar no seu interior analisando as suas respostas.
Uma entrevista pode ser caracterizada por observação participante. O
entrevistador é ao mesmo tempo observador e participa no processo.
No entanto, uma
entrevista tem os seus pontos fortes e pontos fracos. Casos existem em que o
entrevistado é influenciado pelo entrevistador quer sugerindo as respostas que
este pode dar, quer através da sua presença física. A entrevista pode criar um
envolvimento emocional entre o entrevistado e o entrevistador distorcendo
consequentemente a informação dada pelo entrevistado. Por outro lado os dados
fornecidos pelo entrevistador podem não ser exactos. Contudo, as entrevistas
tem a vantagem de permitir a que o investigador possa seguir um indicio e
depois voltar para trás se constatar que existem falhas na informação dada. A
efectividade desta técnica depende da maneira como o entrevistador obtém e
interpreta os dados colhidos.
Observações
participantes e experiências controladas
As vezes a medição
da personalidade tem como base as observações do comportamento do individuo em
condições bem controladas ou em ambientes naturais. As observações e
experiências controladas tem a vantagem de reduzir as distorções e aumentam a
precisão. Suponhamos que você estivesse interessado em seleccionar alunos com
capacidades de construir uma casa uma palhota por exemplo. Você pode observar
estes indivíduos dando-os uma tarefa semelhante ao da construção da palhota.
Depois seleccionará
o mais habilidoso de entre os participantes na experiência. Um dos problemas
por exemplo das experimentações é de colocar as pessoas em situações
artificiais e inventadas que não estão de acordo com a realidade. Nestas
situações o psicólogo não irá se esclarecer a respeito das matérias pessoais.
Os testes de personalidade
Os testes de
personalidade dividem-se em dois grandes grupos; os testes objectivos e os
testes projectivos.
a) Os testes
objectivos
Os instrumentos
classificados de objectivos são considerados como produzindo os mesmos dados em
qualquer lugar onde são aplicados. Este tipo de testes sofrem pouco das
influencias do individuo que as aplica. O teste de Estudo de Valores desenvolvido
por Gordon Allport e seus colaboradores é um teste objectivo que visa avaliar
os valores das pessoas e baseia-se em seis tipos de valores; valores religiosos
(tem a ver com o senso de unidade no individuo), políticos (aspiração ao
poder), sociais (tem a ver com o serviço e o amor dos seres humanos) estéticos
(forma e harmonia), económicos (enfatiza o que é útil) e os teóricos (que
buscam a verdade). O teste de valores baseia-se em respostas de escolha
múltipla e cada opção de resposta corresponde a um determinado valor. Em estudos
efectuados usando este teste onde participaram homens e mulheres verificou-se
que as mulher tem mais inclinação para os valores religiosos, sociais e
estéticos e os homens uma inclinação para os valores teóricos económicos e
políticos.
Veja na tabela
abaixo o exemplo de perguntas de Teste de Valores de Gordon Allport e
seus colaboradores.
Tabela
1: Perguntas representativas do teste de
estudo de valores.
1.
Supondo que tenha capacidade suficiente, você preferira ser (a) um banqueiro ou
(b) político?
2.
Numa discussão à noite com amigos do seu próprio sexo, todos íntimos, você está
mais interessado quando fala a respeito (a) do significado da vida, (b) dos desenvolvimentos
na ciência, (c) da leitura ou (d) do socialismo e melhoria social?
O Inventário
Psicológico Califórnia (IPC) é um teste objectivo que avalia dezoito
dimensões de personalidade que avaliam as interacções sociais tais como a
sociabilidade, auto –aceitação, autocontrole e flexibilidade. É um teste que
contém 450 afirmações do tipo verdadeiro ou falso, por exemplo:
- a. Gosto das reuniões sociais apenas para estar com as pessoas.
- b. Ocasionalmente eu falo mal das pessoas;
- c. Frequentemente as pessoas esperam demais de mim;
- d. A minha vida em casa sempre foi feliz;
- e. Gosto muito de bailes;
- f. Gosto de Poesia;
- g. Às vezes sinto que estou para cair aos pedaços.
O Inventário
Multifásico de Personalidade Minnesota (MMPI) é um teste constituído
por 550 afirmações de tipo verdadeiro ou falso. Avalia um numero maior de
padrões normais de personalidade e perturbações de personalidade. É composto de
escalas que diagnosticam a dimensões tais como a depressão, paranóia, esquizofrenia,
e outros padrões de comportamento anormal.
Limitações dos
testes objectivos
A limitante dos
testes objectivos são as mesmas que assolam as mensurações, dos auto-relatos,
pois as pessoas podem decidir não cooperar com o examinador, consequentemente.
Figura 1: Adaptada de Linda Davidoff. Traços
fortes de Raymond Cattell, com letras de A até Q4. Os perfis foram marcados
para dois grupos.
Os testes projectivos
Os testes
projectivos tem a sua base na perspectiva psicanalítica. O criador da
psicanálise (Sigmund Freud) acreditava que as pessoas podem inconscientemente
projectar ao mundo externo as suas percepções, emoções e pensamentos. Estes
aspectos poderiam ser diagnosticados através do uso de técnicas projectivas nas
quais as pessoas são pedidas para reagirem a estímulos ambíguos. Por exemplo o
individuo pode ser solicitado descrever o que vê num borrão de tinta
constituindo uma historia à volta desse borrão.
O Teste de
Roschach
Herman Roschach foi
o primeiro a usar borrões para descobrir a projecções das internas das pessoas
dando nome ao instrumento que ele utilizou para o efeito. Este teste consiste
em pedir aos sujeitos para descreverem o que vêm numa mancha de tinta sobre um
papel. Cinco dos borrões estão a preto e branco e os outros cinco contêm um
pouco de cor.
Dos indivíduos
examinados através do teste de Roschach reflectiram uma abordagem negativa,
insatisfação, crítica e hostilidade à vida. O teste de Roschach pode-se
comparar a uma entrevista altamente estruturada.
O Teste de Apercepção Temática, foi desenvolvido
por Henry Murray e Christina Morgan em 1930, é constituído por uma série de
gravuras que retratam situações concretas suficientemente ambíguas para
suscitar da parte do examinando uma descrição ou narrativa na qual se
projectarão características da sua personalidade.
Parte-se do
princípio de que ao elaborar uma narrativa sobre cada uma das gravuras, o
sujeito projecta nessa história sentimentos e pensamentos inconscientes.
Limitações das
Técnicas Projectivas
Os indivíduos
submetidos a esta técnica podem interpretar as mesmas figuras de uma maneira
totalmente diferente. A informação disponível, a habilidade e a distorção podem
influenciar profundamente a interpretação dos dados obtidos através dos testes
projectivos. Isso baixa de certa maneira a sua confiabilidade. Estudos
realizados sobre a validade das técnicas projectivas revela conclusões
conflitantes. Assim, alguns estudos rigorosos julgam as medidas projectivas
válidas para certos propósitos, tais como avaliação da grau de perturbação
psicológica e prever a extensão da estadia em hospital psiquiátrico ou avaliar
os estilos cognitivos e emocionais.
As respostas
individuais nos testes projectivos são de difícil interpretação.
Referências
bibliográficas
ALÍPIO, Jaime da Costa; VALE, Manuel Magiricão. Psicologia Geral. EaD – Universidade Pedagógica, Maputo: S/d.
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