A narrativa ficcional
1. A narrativa ficcional
Os textos literários
narrativos, escritos ou orais, relatam uma história fazendo sobressair a forma
como as coisas são ditas, procurando incitar as emoções no leitor ou ouvinte.
Têm por objectivo principal a recreação (prazer e divertimento), embora, muitas
vezes, a sua mensagem seja moralizadora.
São vários os géneros da narrativa.
Aqueles de que nos importa falar são: a fábula, a lenda, o mito,
o conto, o romance e a novela.
Fábula
A fábula é um relato
breve, de acção intensa, interpretada por personagens que são, muitas vezes,
animais com capacidades humanas, apresentando uma moralidade.
Lenda e mito
A lenda e o mito
são muitas vezes confundidos. Os mitos são vulgarmente chamados lendas.
Contudo, existem traços distintivos entre os dois géneros.
A lenda é uma narrativa
em que um facto histórico aparece transfigurado, modificado pela imaginação
popular. O processo de transmissão de geração para geração contribui para a modificação
do facto narrado.
O mito é um texto,
geralmente narrativo, criado pelo Homem para dar uma interpretarão do mundo
(ex.: surgimento do mundo, do Homem, da chuva...).
Os mitos diferem dos contos de heróis fantásticos por se referirem a um tempo diferente do tempo comum (contos tradicionais). A sequência do mito é extraordinária, desenvolvida num tempo anterior ao nascimento do mundo convencional. Como os mitos se referem a um tempo e a um lugar extraordinário, bem como a deuses e processos sobrenaturais, tem sido considerado textos da religião ou de crenças (ex.: o mito da origem da terra e da Vida). Porém, como a sua natureza é integradora, o mito pode ilustrar muitos aspectos da Vida individual e cultural.
Quase todas as culturas
possuem ou possuíram mitos e viveram de acordo com eles, pois são textos que
permitem uma ordem social.
Conto, romance e novela
O conto, a novela
e o romance tem as mesmas características quanto ao conteúdo; apenas
diferem na extensão.
O conto é uma narrativa
muito breve (8/10 páginas). Apresenta uma acção simples, isto é, com poucas
acções separadas, é menos extenso do que a novela. Muitas vezes também
transmite uma moral.
A acção centrada numa só
personagem, sem grandes desvios, faz com que não se desenvolva em várias
páginas.
O romance é uma narrativa longa, com muitas acções
separadas, embora haja uma acção central; apresenta uma descrição intensa, com
muitos detalhes. A sua temática é muito abrangente, e a sua extensão é maior do
que a da novela. A narração é muito lenta, pois o texto é marcado por longos e
diversos momentos de pausa através de descrições de ambientes, de personagens,
de sentimentos, etc.
A novela é mais extensa do que o conto e menos
extensa do que o romance. Assemelha-se a estes dois géneros no tipo de intriga,
no discurso e na estrutura, mas é um texto que, em princípio:
- Traz uma informação nova (eventos desconhecidos, surpreendentes);
- Apresenta acções her6icas de personagens;
- É sujeito a várias interpretações;
- Se desenvolve num ritmo rápido, com tendência para uma conclusão única, não surpreendente;
- Se apresenta quase sempre de forma linear, sem desvios bruscos como prolepses ou analepses;
- Apresenta um tema centrado num único assunto.
2. Funções de linguagem
A função poética
Na comunicação actuam vários elementos: o emissor, o
receptor, o código, a mensagem, o canal e o reference. Se analisares uma
mensagem, poderás verificar que a linguagem nela utilizada varia conforme o
elemento da comunicação predominante. Diz-se, então, que a linguagem tem várias
funções, uma das quais é a função poética.
A poética centra-se na mensagem. O emissor aproveita a própria
mensagem, nos sons e nos significados, para reforçar e alargar impressões,
sugestões e sentimentos. Valoriza os recursos de linguagem, com predomínio da
conotação, através de simetrias, repetições, paralelismo.
A função poética da linguagem não deve ser confundida com a
língua poética nem com a poesia. A função poética não é exclusiva da poesia. Está
também presente em textos de natureza diversa, como no texto publicitário, nos
slogans ou frases-guia (exs.: «2M, dourada por fora, de ouro por dentro»;
«Ponto 24, o seu banco de bolso»), nos provérbios (exs.: «A isca é que engana e
não o pescador que tem a cana», «Grão a grão enche a galinha o papo») e até na
linguagem quotidiana (exs.: «Não vem, que não tem», cá, toma lá»).
Outras funções da linguagem:
- Função informativa ou referencial (associada ao referente) – o emissor preocupa-se em informar.
- Função apelativa (influência sobre o receptor) – o emissor procura convencer o receptor a tomar uma atitude.
- Função emotiva ou expressiva (predomina o emissor) – a mensagem transmitida está carregada de emoção.
- Função fática (centrada no canal) – alguns elementos da mensagem destinam-se a verificar se o contacto existe e se se mantém entre o emissor e o receptor.
- Função metalinguística (associada ao código) – exprime um conceito adequado caracterização científica da linguagem verbal.
3. Advérbios de tempo
Há certas palavras que servem para modificar a significação
dos verbos, dos adjectivos e de outros advérbios. Essas palavras chamam-se
advérbios.
O João veio aqui.
(advérbio de lugar)
A Maria chegou hoje de Lisboa. (advérbio de tempo)
A mobília ficou disposta perfeitamente. (advérbio de modo)
Este queijo está muito bolorento. (advérbio de
intensidade)
Os advérbios de tempo
indicam as circunstâncias temporais de uma acção:
Ontem fomos tarde à
Praia, hoje iremos cedo e amanhã já não voltaremos.
A minha mãe não me deixa sair antes de jantar.
Logo está o Raimundo, que nunca
veio a minha casa.
Se continuas a correr como
ora corres, jamais ganharás uma competição.
Advérbios de tempo |
Locuções adverbiais de tempo |
Hoje, ontem, anteontem, amanhã, actualmente,
brevemente, sempre, nunca, jamais, cedo, tarde, antes, depois, logo, já,
agora, ora, então, outrora, aí, quando. |
Em breve, nunca mais, hoje em dia, de tarde, à
tarde, à noite, noitinha, ao por-do-sol, de manhã, de noite, por Ota, por
fim, de repente, de vez em quando, a tempo, às vezes, de quando em quando, de
vez em vez, de longe em longe. |
Bibliografia
MACIE,
Filipe Virgílio. Pré-universitário – Português 11ª Classe. 1ª Edição. Longman
Moçambique, Maputo, 2009.
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