Historial do surgimento da psicologia de aprendizagem

1. Historial do surgimento da psicologia de aprendizagem

1.1. Na antiguidade

Desde a antiguidade os filósofos e pensadores preocuparam-se com os factos da aprendizagem do tipo verbal. A noção de aprender se confundia com a acção de captar ideias, fixar seus nomes, retê-lás evocá-lás, isto seria a um tempo conhecer e aprender.

A aprendizagem vem sendo estudada e sistematizada desde os povos de antiguidade oriental. Já no Egipto, China e na Índia a finalidade era transmitir as tradições e costumes. Na antiguidade clássica, na Grécia e em Roma aprendizagem passou a seguir duas linhas compostas, porem complementares: pedagogia da personalidade – visava a formação individual.

A pedagogia humanista – desenvolvia os indivíduos numa linha onde o sistema de ensino – sistema educacional era representativo da realidade pessoal e dava ênfase a aprendizagem universal.

É, pois, assim que Sócrates dizia que o conhecimento preexiste no espírito do homem e a aprendizagem consiste no despertar esses conhecimentos inatos e adormecidos.

Platão formulou uma teoria dualista que separava o corpo (material e a alma, ideias espirituais). Disse ele que a alma está sujeita a metempsicose e guarda lembrança das ideias contempladas na encarnação anterior que, pela percepção, volta a consciência. A aprendizagem é o buscar desta recordação.

Aristóteles pai de associativismo: a criança é uma tábula rasa onde são impressas as sensações.

Diziam que a origem do conhecimento é as sensações. Toda a ideia é formada por informações provenientes dos sentidos, rejeitando a preexistência das ideias em nosso espírito.

1.2. Idade média

Durante a idade média a aprendizagem e o ensino passaram a ser determinados pela religião e seus dogmas. Por exemplo: uma criança aprendia a não ser canhota, a sinistra embora geneticamente o fosse.

No final daquele período iniciou-se a separação das teorias de aprendizagem e do ensino com a independência em relação ao clero. Devido as modificações que ocorreram com advento do humanismo e da reforma no século XVI e sua ampliação a parti da revolução francesa as teorias de ensino – aprendizagem continuam a seguir o seu rumo natural.

1.3. Século XVII até ao início do séc. XX

Do século XVII até ao início do século XX doutrina central sobre a aprendizagem era demonstrar cientificamente que determinados processos universais regiam o princípio de aprendizagem tentando explicar as causas e formas do seu funcionamento forçando uma metodologia que visava enquadrar o comportamento de todos organismos num sistema unificado de leis, a exemplo da sistematização efectuada pelos cientistas para explicação dos demais fenómenos das ciências naturais.

Muitos acreditavam que a aprendizagem estava intimamente ligada somente ao condicionamento. Um exemplo de experiência de condicionamento foi realizado pelo filósofo russo Ivan Pavlov que condicionou cães para salivarem ao som de campainhas.

John Watson (behaviorismo 1913), representante da psicologia anti-mentalista que tem como objectivo uma conduta observável controlada pelo ambiente através de estímulos – respostas (E - R). Esta teoria defende que toda a conduta é redutível a uma serie de associações entre limites simples, estímulos e respostas; a aprendizagem é iniciada e controlada pelo ambiente.

1.4. A partir de 1930

Na década 30 os cientistas Edwin R. Guthrie, Clark L. Hull e Edward C. Tolman pesquisaram sobre as leis que rege a aprendizagem.

Guthrie acreditava que as respostas ao invés das percepções ou estados mentais puderam formar os componentes da aprendizagem.

 Hull afirmava que a forca do hábito, além dos estímulos originados pelas recompensas, constituía um dos principais aspectos da aprendizagem, a qual se dava num processo gradual.

Tolman seguia a linha de raciocino de que o principal objectivo visado pelo sujeito era a base comportamental para a aprendizagem. Percebendo o ser humano a sociedade em que esta inserido se faz uma maior observação do seu estado emocional.

1.5. Psicologia de aprendizagem como ciência

De acordo com Tavares (2002), o interesse pela educação, suas condições e seus problemas foi sempre uma constante entre filósofos, políticos, educadores e psicólogos.

Com o desenvolvimento da psicologia como ciência e como área da actuação profissional, no final do século XIX várias perspectivas se alinharam, facto que também ocorreu a chamada psicologia educacional. Durante as três primeiras décadas do século XX a psicologia aplicada a educação teve enorme desenvolvimento. Nos EUA destacava-se a necessidade de um novo profissional capaz de actuar como intermediário entre a psicologia e a educação.

Três áreas destacaram-se: as pesquisas experimentais da aprendizagem; o estudo e a medida dos diferentes individuais; psicologia da criança.

Até a década de cinquenta a psicologia de aprendizagem ou educação apareceu como a rainha das ciências da educação.

A psicologia de aprendizagem era definida como uma área de aplicação da psicologia na educação. Psicologia educacional era um ramo especial da psicologia, preocupado com a natureza, as condições, os resultados e a avaliação e retenção da aprendizagem escolar. Ela deveria ser uma disciplina autónoma, com sua própria teoria e metodologia.

Durante a década de 50 o panorama mudou começa-se a duvidar da aplicabilidade educativa das grandes teorias de aprendizagem, elaboradas durante a primeira metade do século XX.

Surgem outras disciplinas educativas tão importantes a educação quanto a psicologia e esta precisa ceder espaços.

Na década de 70, assume o seu carácter multidisciplinar que conserva até hoje. Não é mais considerada como a psicologia aplicada a educação.

Actualmente, a psicologia de aprendizagem é considerada um ramo da psicologia, como da educação e caracterizado como uma área de investigação dos problemas e fenómenos educacionais, a partir de um entendimento psicológico. 

Bibliografia

NETTO, S.P. Psicologia da Aprendizagem e do Ensino. São Paulo, EPU, 1987.

RODRIGUES, A. & BILA, L. V. Módulo de Psicologia de Desenvolvimento e de Aprendizagem. Maputo. Universidade Pedagógica. S/d.

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