Alterações na Política Colonial
Alterações na Política Colonial
Introdução
A partir de meados do século XX registou-se a nível da política colonial
portuguesa alterações mais ou menos profundas. Neste período aumentou significativamente
a população colona em Moçambique e foram levadas a cabo acções para uma
exploração mais efectiva dos recursos de Moçambique.
Alterações na
Política Colonial
Como já em aulas anteriores foi salientado o Estado Novo Salazarista na base
das medidas de protecção da burguesia portuguesa contra os ataques das classes
nacionais e coloniais desfavorecidas e contra a concorrência do capital
internacional garantiu uma forte acumulação que veio a ser favorecida pela II
Guerra Mundial.
Neste período devido a neutralidade face à guerra e aos blocos beligerantes
e ao afluxo de divisas provenientes das colónias Portugal vê incrementado o seu
comércio externo, uma maior acumulação de reservas e de receitas públicas - o
que veio a permitir um novo impulso à industrialização de Portugal depois desta
guerra registando-se depois disso a formação de grupos monopolistas portugueses
e por consequência a possibilidade de canalizar investimentos portugueses para
as suas colónias.
O processo da industrialização de Portugal trouxe como consequência imediata
a proletarização de massas significativas de camponeses portugueses que
permanecendo em Portugal sem emprego constituíam uma camada potencialmente
perigosa para a estabilidade social e política.
Por outro lado, muitos procuravam no mundo europeu possibilidades de emprego
o governo procurou canalizar essa massa para as colónias onde converter-se-iam
numa camada leal ao governo não só no desenvolvimento económico das colónias
como na manutenção da autoridade colonial.
Vemos entre 1945/50 e 1960 uma vaga de povoamento colono organizado
oficialmente pelo Estado, entre 1952 e 1960 o número de colonos fixados em
Moçambique foi superior a 13 000 colonos.
Esta população era canalizada para os colonatos de Limpopo (Gaza), Revue
e Sussundenga (Manica), Nova madeira (Niassa) e Montepuez (Cabo Delgado).
Colonatos eram regiões de ordenamento e fixação dos colonos europeus organizados
no modelo da propriedade rural portuguesa com o objectivo de absorver a massa proletarizada
em Portugal e estabelecer barreiras ao desenvolvimento de qualquer movimento
nacionalista que dava os primeiros passos em Moçambique bem como potenciar o desenvolvimento agroindustrial.
A instalação de colonatos significou a expulsão de camponeses africanos dessas
terras alguns dos quais já tinham uma base próspera. Embora nalguns colonatos
fossem admitidos africanos a pretexto de lhes ensinar hábitos portugueses de
trabalho rural estes ocupavam posições subalternas na quantidade e qualidade de
terras atribuídas.
Os colonos recebiam financiamentos do estado para a promoção da prática
agrícola reembolsável em prazo estipulado e em princípio estavam proibidos de
utilizar mão-de-obra assalariada.
Esse projecto era uma das linhas de base dos planos de fomento iniciados
nos princípios década de 1950 com vista a dar novo impulso à exploração dos
recursos de Moçambique.
Já o primeiro plano (1953 - 58) contemplava o "aproveitamento de recursos
e povoamento da economia" e previa investimentos na ordem de 1 848 500
contos sendo aplicados na realidade 1 661 284 contos assim distribuídos:
- Caminhos-de-ferro, Portos e transportes aéreos – 63% o Aproveitamento de recursos e povoamento - 34%;
- Diversos - 3%.
A principal obra do plano foi o caminho-de-ferro L. Marques – Malvérnia concluído em 1956.
O segundo plano de fomento (1959 - 64) tinha os seus investimentos dirigidos
para o povoamento dos colonatos, comunicações e transportes, aproveitamento de
recursos agrícolas, florestais, pecuários, hidroagrícolas, hidro-eléctrico,
estudos de cartografia geral e geológicos. Não contemplava a industrialização e
pouco se dedicava ao ensino e saúde.
Referências bibliográficas
MINEDH. Módulo 8 de História: O Colonialismo Português a Partir de 1930. Instituto De Educação Aberta e à Distância (IEDA), Moçambique, s/d.
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