Colonização e Teorias de Resistência
Colonização e Teorias de Resistência
O Colonialismo e Seu Impacto
Colonialismo,
o Que é?
O
termo colonização que nos tempos mais remotos, designados historicamente
“tempos romanos”, significava a ocupação de novas terras, consistindo na
instalação de estabelecimentos agrícolas, significa hoje a ocupação de um
território estrangeiro por um poder políticomilitar.
Nesta
sua nova vertente (político-militar) o colonialismo é um fenómeno moderno de
iniciativa essencialmente europeia que se desenvolveu do século XV até meados
do século XX.
Sobre
o impacto da colonizacao ou do colonialismo em África existem várias
interpretações, entre as quais vamos destacar duas: A primeira defendida por
L.H. Gann, Peter Duignan e Margery Perham, historiadores africanistas que
sustentam que a colonização europeia da África teve uma influência benéfica ou
no mínimo não prejudicial a África.
A
outra teoria é defendida por especialistas negros e marxistas e, sobretudo os
teóricos do desenvolvimento e subdesenvolvimento, que consideram que o efeito
positivo do colonialismo foi praticamente nulo.
Embora
uns e outros apresentem os seus argumentos, o facto é que o colonialismo teve
efeito positivo e negativo.
É
importante destacar que a maior parte dos efeitos positivos do colonialismo não
foram intencionais. Foram, sim, consequências acidentais ou de medidas
destinadas a defender os interesses dos colonizadores ou resultantes de
mudanças inerentes ao sistema colonial em si, ou ainda podem ter sido efeitos
do erro pela lei de ferro das consequências indesejadas.
Portanto,
se bem que o colonialismo tenha sido um simples capítulo de uma longa história,
um episódio ou interlúdio nas múltiplas e diversas experiências dos povos de
África que em parte alguma do continente durou mais de 80 anos, representou, no
entanto, uma fase de extrema importância do ponto de vista político, económico
e mesmo social.
Assinala
uma nítida ruptura na história do continente: o desenvolvimento posterior deste
e, portanto, de sua história foi e continuará muito influenciado pelo impacto
do colonialismo.
Hoje
a melhor maneira de agir, para os dirigentes africanos, não consiste em apagar
o colonialismo, mas sim em conhecer perfeitamente o seu impacto a fim de tentar
corrigir-lhe defeitos e insucessos.
Teorias de Resistência Segundo Terence
O. Ranger
Diante
da ocupacao europeia da África, os dirigentes africanos foram profundamente
hostis a essa mudança e declararam-se decididos a manter o seu “status quo”
e, sobretudo, assegurar a sua soberania e independência. Manifestaram a sua
determinação em manter a sua soberania, a sua religião e o seu modo de vida
tradicional.
Sobre
a resistência africana existem, segundo T.O. Ranger três teorias que importa analisar:
i.
A
resistência africana era importante já que provava que os africanos nunca
haviam resignado diante da conquista e ocupação europeia. Na verdade todos os
tipos de sociedades africanas resistiram e a resistência manifestou-se em quase
todas as regiões de penetração europeia;
ii.
Contrariamente
a ideia de muitos historiadores que consideram a resistência algo desesperada e
ilógica, a resistência era muitas vezes movida por ideologias racionais e
inovadoras;
As
resistências africanas eram movidas por ideologias como o princípio da
soberania e a religião. É esta a ideia sustentada por alguns teóricos da resistência
africana como Ajayi que dizia “O aspecto mais importante do impacto europeu
foi a alienação da soberania. Quando um povo perde a sua soberania ficando
submetido a outra cultura, perde pelo menos um pouco da sua autoconfiança e
dignidade; perde o direito de se auto governar, a liberdade de escolher o que
mudar em sua própria cultura ou o que adoptar ou rejeitar da outra cultura”.
A
ideia de soberania constituiu de facto um dos principais suportes ideológicos
da resistência africana como atestam os seguintes pronunciamentos de alguns dos
líderes da resistência africana.
O
chefe dos Bárue, Makombe Hanga, dirigiu-se a um visitante branco nos seguintes
termos:
“Estou vendo como os brancos
penetram cada vez mais na África; em todas as partes do meu país as companhias
estão em acção (…). É preciso que o meu país também adopte reformas, e estou plenamente
disposto a propiciá-las (também gostaria de ver boas estradas e boas linhas
férreas (…). Mas meus antepassados eram makombe e makombe quero continuar a ser”.
Por
sua vez o chefe yao, Matchemba, dirigindo-se ao comandante alemão H. V. Wissmam
dizia em 1880: “prestei atenção à vossa mensagem sem encontrar razões para
vos obedecer. Prefereria morrer. Não caio a vossos pés pois sois uma criatura
de Deus como eu (…). Sou sultão aqui na minha terra. Vós sois sultão lá na
vossa. No entanto, vede, não vos digo que deveis me obedecer, pois sei que sois
um homem livre. Quanto a mim, não irei à vossa presença; se sois bastante
forte, vinde vós me buscar”.
As
doutrinas e símbolos religiosos aoiaram-se, em geral, nas questões de soberania
e da legitimidade. A legitimidade dos chefes era consagrada por uma investidura
ritual. Como deve saber, caro aluno, quando um novo chefe chegava ao poder a
cerimónia da posse envolvia rituais que eram considerados importantes para um
bom exercício do poder. Por outro lado quando um dirigente e seu povo decidiam
defender a sua soberania, apoiavam-se em símbolos e conceitos religiosos, ou
seja, era habitual a realização de cerimónias, supostamente, para garantir
sucesso das campanhas militares.
iii.
A
terceira teoria sobre a resistência africana é aquela que considera que os
movimentos de resistência não eram insignificantes, pois tiveram consequências
importantes em seu tempo e ainda hoje têm notável ressonância.
A Importância e Consequências das
Resistências
Durante
largo tempo os movimentos de resistencia eram tidos como impasses que a nada
levaram, mas a partir da década de 1980 ganhou força a ideia segundo a qual
esses movimentos se voltavam para o futuro.
Do ponto
de vista da soberania esses movimentos anteciparam a sua reconquista e o
triunfo do nacionalismo africano. Entanto que depositários de ideologias
proféticas pode se dizer que contribuíram para novos agrupamento a volta de
ideias. Alguns contribuíram para a melhoria da situação dos povos revoltados e
outros instituiram lideranças alternativas às tradicionais.
Referências
bibliográficas
MINEDH. Módulo 7 de História: O Colonialismo Português em Moçambique de 1890 a 1930. Instituto De Educação Aberta e à Distância (IEDA), Moçambique, s/d.
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