Consequências da Revolução Industrial
Consequências da Revolução Industrial
A Revolução Industrial, que teve início em Inglaterra e
depois se espalhou pela Europa e pelo mundo em geral, teve notável impacto na
economia, mas também na sociedade e até na Vida política.
Entre as principais consequências da Revolução Industrial
podemos mencionar:
- A explosão demográfica;
- O urbanismo;
- A emigração para outros continentes;
- O desenvolvimento das estruturas socioeconómicas e políticas do Capitalismo.
Explosão demográfica
Até ao século XVII, o crescimento da população na Europa
e no mundo era muito lento. Este fraco crescimento da população explica-se pelo
facto de, apesar de existirem muitos nascimentos, haver também muitas mortes.
Assim, o número de crianças que nasciam e sobreviviam era muito pequeno.
Como resultado da Revolução Industrial, a partir de
finais do século XVIII, o crescimento da população europeia começou a aumentar
rapidamente, principalmente nos países industrializados.
O rápido crescimento da população europeia deveu-se
principalmente ao facto de a Revolução Industrial ter permitido uma melhoria
das condições de Vida das pessoas, o que resultou num grande decréscimo da
mortalidade e, consequentemente, no aumento da esperança de Vida, que atingiu
os 50 anos em 1914.
Entre 1750 e 1825, a
produtividade agrícola aumentou. Reduziram-se as grandes flutuações entre uma
colheita e a seguinte; a fome desapareceu da Europa Ocidental, excepto da
Irlanda (1845-1850). Parece que os europeus mais bem alimentados se tornaram
mais resistentes as enfermidades. Por outro lado, a medicina registou notáveis
avanços. As purgas, as curas de águas, as dietas e as sangrias começam a
substituir as curas mágicas. Começou-se a usar o quinino para combater as
febres. Os médicos puderam combater a varíola através da vacina.
Na segunda metade do
século XIX, a taxa de mortalidade continuou a descer, as vezes com grande
rapidez. Esta tendência era devida aparentemente ao continuo progresso
económico que beneficiou, de forma progressiva, amplos sectores da população. O
melhoramento nos sistemas de transportes (barcos a vapor e caminhos-de-ferro)
ajudou sobremaneira eliminação da escassez local, pelo menos na Europa
Ocidental. Por outro lado, tiveram lugar novos progressos na medicina, graças
aos trabalhos de Pasteur, cujos soros e vacinas ajudaram a reduzir grande parte
de enfermidades epidémicas. É necessário sublinhar que a redução geral da
mortalidade ficou a dever-se, em grande parte, diminuição da mortalidade
infantil.
The Fontana Economic History of
Europe. André Armengaud.
“A População Europeia entre 1700-1914”.
O texto da acima aponta os factores que levaram ao rápido
crescimento da população nos meados do século XVIII.
Na medicina, além dos aspectos mencionados no texto,
registaram-se outros progressos.
- 1796 – Vacina de Edward Jenner contra a varíola
- 1820 – Primeira anestesia
- 1865 – Joseph Lister utiliza antissépticos em Medicina
- 1879 – Louis Pasteur descobre a vacinação.
- 1882 – Heinrich Koch descobre o bacilo da tuberculose.
- 1884 – Heinrich Koch descobre o bacilo do vibrião da cólera
- 1893 – Utilização da aspirina
- 1895 – Wilhelm Conrod Röntgen descobre os raios X.
- 1900 – Descoberta dos grupos sanguíneos
- 1911 – Casimir Funk descobre as vitaminas.
Os progressos na medicina permitiram reduzir a
mortalidade geral, porque diminuíram a mortalidade infantil.
O crescimento da população neste período, graças às
alterações verificadas, foi tão rápido que nos permite afirmar que se estava
perante uma revolução demográfica.
Urbanismo
O surgimento e desenvolvimento da indústria tiveram
implicações no ordenamento urbano. Como sabes, a indústria é um sector que
atrai as populações å procura de emprego. Assim, medida que a indústria se
desenvolve, o número de pessoas que chegam às cidades aumenta. Essas pessoas
que chegam å cidade vão construindo as suas habitações em redor das cidades.
Por outro lado, os industriais edificam casas para escritórios ou habitação,
além das próprias fábricas.
Deste modo, no século XIX, à medida que o movimento da industrialização
na Europa ia crescendo, registava-se também um forte crescimento dos centros
urbanos.
Vejamos, na tabela seguinte, o ritmo de crescimento das
cidades na Europa entre 1800 e 1900.
Ano |
Cidades
com mais de 100 000 habitantes |
1800 |
23 |
1900 |
135 |
Ao mesmo tempo que a população urbana crescia, a população rural diminuía, porque a agricultura perdia, gradualmente, a posição de principal sector da economia. Desde o arranque da Revolução Industrial, a indústria passou a ser o sector mais importante da economia, ou seja, passou a produzir mais rendimentos e ocupar a maior parte dos trabalhadores.
Como resultado desta realidade, os camponeses abandonavam
os campos e dirigiam-se aos centros urbanos e fabris, as minas, aos centros de produção
de petróleo ou de electricidade.
A situação descrita verificava-se, sobretudo, na Europa
Ocidental, pois na Europa do Leste e do Sul a agricultura continuava a ser uma
actividade dominante.
A expansão das cidades, resultante da industrialização e
da explosão demográfica, teve várias implicações:
- Alteração da fisionomia urbana tradicional: a organização tradicional das cidades modificou-se, pois começaram a chegar cada vez mais pessoas as cidades, o que fez com que a necessidade de construções nos centros das cidades, tal como na periferia, aumentasse.
- Desenvolvimento dos transportes públicos (inicialmente transportes movidos a cavalos, depois a combustíveis, eléctricos, subterrâneos à superfície e a cavalo) — com o aumento da população e do tamanho das cidades também aumentou a necessidade em serviços de transportes, o que veio estimular o desenvolvimento deste sector.
- Incremento da oferta de serviços: com o crescente aumento da população urbana, tornava-se também necessário melhorar serviços como o abastecimento de alimentos, água, iluminação, esgotos, construção de habitações, serviços administrativos, entre outros.
- Aumento da segregação social: medida que iam chegando mais pessoas as cidades, aumentava o número de pessoas sem os meios básicos de Vida, pois nem todas conseguiam emprego, além de que os salários eram baixos. Os operários com salários baixos e os desempregados viviam miseravelmente em bairros operários e nos subúrbios. Portanto, na mesma cidade, existiam zonas de extrema pobreza e outras de grande fartura, o que ainda nos nossos dias ocorre.
- Aumento da criminalidade e dos problemas sociais (prostituição, suicídio...): as dificuldades que muitos habitantes das cidades enfrentavam levavam as pessoas a recorrer à prostituição, ao crime, ao alcoolismo, aumentando as situações de suicídio.
- Diminuição da influência da religião: as condições de Vida nas cidades levavam as pessoas a dedicar cada vez mais do seu esforço busca de meios materiais de sobrevivência, afastando-se de outras práticas e ocupações, como a religião, os desportos, entre outras actividades não essenciais.
Emigração para outros continentes
Como vimos, a explosão demográfica, aliada as mudanças na
agricultura, conduziu migração para as cidades. Entretanto, nem sempre a
migração para as cidades permitia obter melhores condições de Vida. Assim,
algumas pessoas optavam mesmo pela emigração para outros continentes.
Na sua maioria, as pessoas partiam da Europa e da Ásia
(China), rumo América. Uma pequena parte deslocava-se para África, Austrália e
Nova Zelândia. Além da Europa Ocidental, os emigrantes também partiam do Leste
da Europa (austro-húngaros, polacos, russos.
Fig. 15 – Emigração europeia no século XIX. |
A partir de 1840, a emigração aumentou, tendo atingido o
máximo por volta de 1910. O incremento da emigração europeia explicou-se por
vários factores:
- Crescimento da população.
- Crises políticas na Europa.
- Depressão da economia (1873 a 1896).
- Utilização de melhores meios de transporte (barcos a vapor, caminhos-de-ferro, etc).
- Descoberta de ouro na Califórnia e na Austrália.
- Interesse das potências capitalistas em explorar as suas colónias.
Desenvolvimento das estruturas
socioeconómicas e políticas do capitalismo
Durante o século XIX, com o aparecimento de novas fontes
de energia, novas fábricas, acelerava-se o crescimento económico, caracterizado
por:
- Aumento da produção e da expansão do comércio nacional e internacional.
- Formação de uma sociedade de fortes contrastes: a burguesia de grande poder económico e o proletariado com condições de sobrevivência bastante difíceis.
- Fim do domínio senhorial e consolidação do Capitalismo: levando as grandes potências a conquistar territórios coloniais.
- Triunfo da democracia burguesa: os cidadãos passavam a participar na Vida política, através do voto e da formação de partidos políticos.
Bibliografia
SUMBANE, Salvador Agostinho. H9 - História 9ª Classe. 2ª Edição. Texto Editores, Maputo: 2017.
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