Fases da Revolução Industrial
Fases da Revolução Industrial
1ª fase da Revolução Industrial
O arranque da Revolução Industrial ocorreu na Inglaterra
por volta de 1785. Esta primeira fase foi resultado de um longo processo
marcado por pequenas descobertas e invenções que foram sendo aperfeiçoadas até
serem produzidas as máquinas que desencadearam a revolução propriamente dita.
Este movimento inventivo iria começar pela invenção da máquina a vapor,
considerada, historicamente o motor da Revolução Industrial.
Quais foram as razões deste movimento inventivo?
Desde os princípios do século XVIII, registava-se uma
forte concorrência entre as pequenas oficinas domésticas e as manufacturas,
sobretudo, a nível da produção de tecidos de algodão. Face a esta concorrência,
cada oficina ou manufactura procurava melhorar a qualidade e quantidade da sua produção.
Este facto levou ao surgimento de inventos técnicos para facilitar ou melhorar
a produção.
Inventos que antecederam a máquina a vapor:
- 1698 –
Bomba a vapor (Tomas Savery)
- 1709/13 –
Fabrico de ferro macio através de coque (Abraham Darby)
- 1712 –
Bomba a vapor (Thomas Newcomen)
- 1733 –
Máquina de tecer com lançadeira volante (John Kay)
- 1740/66 –
Melhoramento dos altos-fornos (Hunstma e Cranage)
- 1761 – Aparecimento
de foles gigantes movidos por força hidráulica
- 1765 –
Spinning-jenny – automática máquina de fiação (James Har-greaves)
- 1768 – Máquina
de fiação hidráulica ou Water-frame (Richard Arkw-right)
- 1769 –
Máquina a vapor (James Watt)
- 1779 – Máquina
de fiação ou Mule-jenny (Samuel Crompton)
- 1783/84 –
Descoberta da pudlagem e da laminação (Orion e Henry Cort)
- 1785 –
Tear mecânico (Eduard Cartwright)
- 1785 – Aplicação
generalizada da máquina a vapor a indústria têxtil e à indústria metalúrgica -
arranque da Revolução Industrial.
Como vimos, as principais invenções foram máquinas de
tecer, de fiar, usadas na indústria têxtil.
Portanto, o desenvolvimento técnico verificado no início
do século XVIII teve como ponto mais alto a utilização da máquina a vapor na
indústria têxtil.
A partir desta altura, começaram a ser utilizadas
máquinas-ferramentas, para fazer trabalhos antes feitos por vários homens. A
energia que movia estas máquinas era produzida pela máquina a vapor.
Fig. 4 – Máquina a vapor, o motor da Revolução Industrial. |
Quando, em 1783 se
montou o primeiro dos novos engenhos (...) tornou-se claro que se tinha dado na
Grã-Bretanha uma revolução tecnológica. A nova forma de transmissão, no
trabalho das máquinas, antes accionadas pela força muscular, fez a indústria
entrar na idade moderna.
A Revolução Industrial, T. S.
Asthton (Adaptado)
Neste contexto, pode-se dizer que a máquina a vapor
revolucionou a produção industrial, pois permitiu produzir a energia
artificialmente, transformando calor em força mecânica. Com esta inovação, um
trabalho que antes era feito por várias pessoas, a partir daquela altura, podia
ser feito por uma máquina.
Portanto, a máquina a vapor alterou profundamente o
processo produtivo, dai que se afirma que ela foi o motor da Revolução
Industrial.
A primeira máquina construída por James Watt era para
bombear água das minas, mas pouco depois verificou-se que podia transmitir a
sua força a qualquer mecanismo, como teares, máquinas de fiação entre outras.
A partir da utilização destes novos engenhos, a produção
industrial cresceu muito rapidamente. O próprio funcionamento das máquinas
exigia maior produção de carvão e de ferro, o que estimulava a extracção destes
minérios. Deste modo, o carvão tornou-se a principal fonte energética, na
primeira fase da Revolução Industrial.
Sectores de arranque da Revolução
Industrial
A indústria têxtil foi nesta época o sector que mais
beneficiou nos progressos técnicos, especialmente o sector algodoeiro. Como
sabemos, existem várias matérias-primas, usadas na indústria têxtil como o
algodão, a lã, o linho e outras. Contudo, na primeira fase da Revolução
Industrial, o algodão tornou-se o «rei» dos têxteis, visto que era a
matéria-prima mais utilizada.
Desde o século XVII, quase todos os tecidos de algodão
vendidos em Inglaterra eram importados, principalmente, da India. Entretanto, a
partir da primeira metade do século XVIII, os ingleses começaram a trocar a
importação de tecidos indianos pela importação de algodão, da India e da
América. Assim, a partir dessa altura, os ingleses passaram a ser grandes
produtores de tecidos de algodão, utilizando matéria-prima importada da India e
das Américas.
Os primeiros sinais de arranque da Revolução Industrial
deram-se no sector têxtil.
Além da indústria têxtil, a primeira fase da Revolução
Industrial foi marcada pelo desenvolvimento da indústria
metalúrgica.
Nesta indústria, os principais desenvolvimentos
consistiram na criação de foles gigantes e dos sistemas de pudlagem e de
laminação. Estas invenções permitiram a construção de altos-fornos e fundições
nas zonas onde se extraia carvão mineral.
Outro factor que permitia o desenvolvimento da indústria
metalúrgica era a existência de grandes quantidades de ferro e de hulha (carvão
mineral).
Dispondo de ferro como matéria-prima básica e de hulha
como fonte de energia, a Inglaterra possuía assim óptimas condições para o
desenvolvimento da indústria metalúrgica.
Outro sector que registou progressos com a Revolução
Industrial foi o dos transportes. Nos
princípios do século XIX, começou a aplicação da máquina a vapor nos
transportes, o que permitiu o surgimento de comboios e dos caminhos-de-ferro.
A revolução dos transportes foi muito importante, porque
influenciou a Vida económica e social europeia:
- O desenvolvimento dos transportes melhorou o acesso aos mercados, estimulando a agricultura e a indústria.
- As facilidades de transporte contribuíram, igualmente, para a diminuição do preço dos produtos.
- A situação económica das populações melhorou devido diminuição dos preços dos produtos.
2ª fase da Revolução Industrial
Depois de cerca de 100 anos de progressos na indústria,
baseados na máquina a vapor, a partir de 1870 uma nova fase se operou na Revolução
Industrial. Novas fontes de energia começam a aparecer, desenvolveram-se novos
sectores industriais, etc.
Estas mudanças na produção industrial representaram,
pois, uma nova fase da Revolução Industrial: a segunda
fase.
A partir de 1870, verificou-se uma nova série de invenções
que revolucionaram a indústria e as formas de Vida.
Cronologia das invenções
- 1845 –
Isolamento do alumínio, (Henry Saintre-Claire Deville - França).
- 1855 –
Conversor para fundição do aço (Henry Bassemer — Inglaterra).
- 1856 –
Primeiro corante de anilina (William Perkins — Inglaterra).
- 1859 –
Perfuração do primeiro poço de petróleo (Edwin Drake – EUA).
- 1860 –
Processo de fabrico da soda (Ernest Solvay – Bélgica).
- 1866 –
Dinamite (Nobel).
- 1867 -
Frigorifico (Tiller – França)
- 1867 -
Máquina de escrever (Ch. Schole – E.U.A)
- 1868 -
Corantes artificiais (Groebe – Alemanha)
- 1869 -
Dínamo (Gramme – França)
- 1869 -
Uso da energia hidráulica (Berger)
- 1869 -
Primeiro caminho transcontinental (E. LIA.)
- 1870 -
Gerador eléctrico, (Siemens – Alemanha)
- 1872 -
Utilização da baquelite
- 1876 -
Telefone (Bell - E.U.A)
- 1879 -
Locomotiva eléctrica (Siemens – Alemanha)
- 1879 -
Lâmpada eléctrica de filamento (Edison — E.U.A)
- 1883 -
Transporte de electricidade (Marcel Deprez – França)
- 1886 -
Motor de explosão (Daimler/Benz – Alemanha)
- 1888 -
Primeiro carro eléctrico (em Richmond - E.U.A)
- 1890 -
Telégrafo sem fio (TSE) (Hertz – Alemanha)
- 1893 -
Primeiro automóvel moderno (Panhard – França)
- 1893 -
Acido Acetilsalicílico (Aspirina) (Bayer – Alemanha)
- 1895 -
Invenção do cinema (Lumiére – França)
- 1897 -
Motor a óleos pesados (Diesel- Alemanha)
- 1899 -
Telégrafo sem fio (TSF) (Marconi — Itália)
- 1900 -
Alternador e transformador
- 1903 -
Primeiro voo aéreo (Irmãos Wright — E.U.A)
Características da 2ª fase da Revolução
Industrial
Enquanto a primeira fase da Revolução Industrial teve início
em Inglaterra, a segunda fase desenvolveu-se, ao mesmo tempo, em vários países,
com destaque para os Estados Unidos, Alemanha e França.
O petr61eo e a electricidade constituíram as novas fontes
de energia que alteraram os sistemas de produção. Contudo, o petróleo e a electricidade
tiveram um consumo limitado até 1914, mantendo-se o carvão como principal fonte
energética.
Além do espaço geográfico em que ocorreu e das fontes de
energia, a segunda fase da Revolução Industrial também foi marcada pelo
desenvolvimento de novos sectores da indústria, a partir de 1870, nomeadamente
a siderurgia
e a química, enquanto o aço
passava a ser a matéria-prima de maior utilização.
Porque ocorreu o desenvolvimento da indústria siderúrgica
nesta fase? São duas principais razões, que veremos em seguida:
Aumento da procura do aço -
o aço passou a ser utilizado em diferentes sectores como a maquinaria, a
construção civil (edifícios e pontes) e os transportes (caminhos-de-ferro e
barcos).
Rivalidade entre os estados e a corrida aos
armamentos – as rivalidades entre os estados europeus no final do
século XIX fez com que os diferentes estados procurassem desenvolver armas,
carros de combate e outros meios de guerra, o que explica a maior procura de
aço.
Além do aço, na segunda fase da Revolução Industrial
utilizaram-se em larga escala vários metais:
- Alumínio: por ser um metal leve e resistente, tornou-se um metal usado por excelência a partir de 1870.
- Cobre: foi desde logo um metal importante na electricidade.
- Chumbo: era utilizado em tubagens, tintas e baterias.
- Estanho: metal maleável, tinha diversas aplicações.
- Zinco: era usado na composição de ligas (latão...).
Como resultado destas inovações, a indústria metalúrgica
desenvolveu-se ampliando o campo das suas aplicações.
Para além da metalurgia, desenvolveram-se outras
indústrias, tais como:
- Indústria de material eléctrico: a nível mundial surgem grandes empresas ligadas a este ramo, como a Philips, na Holanda, a Siemens, na Alemanha, entre outras.
- Indústria química: com a descoberta de enxofres, nitratos, fosfatos, corantes sintéticos (anilinas) e ácido sulfúrico, esta indústria fomentou o desenvolvimento das indústrias de explosivos, medicamentos, inseticidas e detergentes.
- Indústrias alimentares: desenvolveram-se como resultado de processos de conservação a frio ou por esterilização.
- Indústria têxtil: mesmo sem a importância que tinha na primeira fase, desenvolveu-se graças à descoberta das fibras artificiais, especialmente a partir de 1884.
Nos finais do século XIX a Inglaterra, que dominava a
economia mundial, começou a enfrentar a concorrência dos Estados Unidos e da
Alemanha. Estes países começaram, então, a ocupar um lugar importante na
economia mundial.
Bibliografia
SUMBANE, Salvador Agostinho. H9 - História 9ª Classe. 2ª Edição. Texto Editores, Maputo: 2017.
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